As hepatites virais são responsáveis por 1,4 milhão de mortes anualmente em todo o mundo, número comparável ao do HIV e da tuberculose. Você sabe como se proteger?
Felizmente, os medicamentos mais modernos são altamente eficazes e, no Brasil, são oferecidos gratuitamente na rede pública de saúde.
No entanto, é urgente reduzir as taxas de transmissão desses vírus, combatendo comportamentos de risco e facilitando o diagnóstico precoce por meio de testes rápidos.
O mês de julho é dedicado a campanhas de conscientização e prevenção dessa doença.
A hepatite é uma doença silenciosa que afeta o fígado, comprometendo seu funcionamento e podendo levar ao desenvolvimento de doença hepática crônica, cirrose e câncer.
Existem vários tipos de hepatites virais, sendo os mais comuns no Brasil os tipos A, B e C.
Dentre eles, a hepatite C é a mais grave, pois pode se tornar crônica e é responsável por 76,2% das mortes associadas à doença.
Historicamente, a região Nordeste apresenta a maior proporção de infecções pelo vírus da hepatite A.
As regiões Sul e Sudeste têm os maiores índices de contaminação pelos vírus B e C.
No Paraná, em 2022, foram identificados 1.016 casos de hepatite B e 692 casos de hepatite C, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.
Para as hepatites A e B existem vacinas disponíveis nos postos de saúde.
No Paraná, a vacina contra a hepatite A é destinada a crianças entre 15 meses e menores de cinco anos.
Já a vacina contra a hepatite B está disponível para todas as faixas etárias. Ainda não há vacina que imunize contra a hepatite C, mas existe tratamento que pode curá-la.
Contudo, devemos estar atentos a situações que podem resultar na transmissão do vírus.
Conheça os riscos relacionados a cada uma das hepatites.
A hepatite A é transmitida principalmente pela ingestão de água e alimentos contaminados.
Também pode ser contraída pelo contato direto com pessoas infectadas.
Os sintomas mais comuns são fadiga, náuseas, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), febre e dores abdominais.
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção, juntamente com medidas básicas de higiene, como lavar as mãos antes de comer e beber água tratada.
A hepatite B é transmitida por meio do contato com fluidos corporais infectados, como sangue, sêmen e secreções vaginais.
Pode ser adquirida através de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas contaminadas e de mãe para filho durante o parto.
Os sintomas da hepatite B podem variar de leves a graves e incluem fadiga, febre, icterícia, dores articulares e abdominais.
A vacinação é fundamental para prevenir a infecção, assim como o uso de preservativos durante as relações sexuais e evitar o compartilhamento de objetos cortantes.
A hepatite C é transmitida principalmente pelo contato direto com sangue contaminado.
A transmissão ocorre frequentemente através do compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas injetáveis, compartilhamento de objetos pessoais como lâminas de barbear, escovas de dentes e alicates de unha, realização de tatuagens e colocação de piercings com instrumentos não esterilizados, além de procedimentos médicos ou odontológicos invasivos.
Muitas pessoas infectadas com o vírus C não apresentam sintomas claros, podendo ter, por exemplo, dor de cabeça frequente.
No entanto, em casos crônicos, a doença pode causar danos graves ao fígado.
Exames preventivos regulares permitem o diagnóstico precoce.
Felizmente o tratamento da hepatite C avançou significativamente nas últimas duas décadas. Anteriormente ela era considerada uma doença crônica, com opções terapêuticas limitadas.
O tratamento levava até 4 anos, com baixas taxas de cura e efeitos colaterais terríveis para o paciente.
Atualmente são utilizados medicamentos antivirais de ação direta que têm mais de 95% de taxa de cura.
A duração do tratamento é bem menor, geralmente de 8 a 12 semanas, e os efeitos colaterais muito menores e menos desconfortáveis.
O melhor é que o paciente pode fazer o tratamento completo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente.
Autocuidado
O diagnóstico precoce favorece o sucesso no tratamento da hepatite C.
Muitas pessoas infectadas podem não apresentar sintomas por um longo período, tornando o diagnóstico tardio um desafio.
Portanto, é recomendado que pessoas com fatores de risco, como histórico de uso de drogas injetáveis, sejam testadas regularmente para hepatite C.
Além disso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam capacitados para reconhecer os sinais da infecção em exames de sangue de rotina, que podem revelar alterações na função hepática, devendo encaminhar os pacientes para exames específicos em caso de suspeita.
Com esforços conjuntos na rede de saúde pública e privada, além de mudanças de comportamento da população, é possível reduzir os casos de hepatites e salvar vidas.
Fontes: