Quando o câncer de próstata é diagnosticado em estágio inicial a chance de cura é de 90%.
Pandemia de Covid-19 atrapalhou controle e prevenção da doença.
Publicado em 1 de novembro de 2.021.
O Novembro Azul, campanha mundial para incentivar o homem a cuidar melhor da saúde, completa 10 anos no Brasil e traz como principal alerta a importância dos exames preventivos para o câncer de próstata.
O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens brasileiros, representa 29% de todos os casos de câncer que atingem a população masculina no país.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra em média mais de 65 mil casos por ano.
Em 2019 o número de mortes passou de 16 mil.
A pandemia de COVID-19 fez muita gente deixar de ir ao médico e adiar cirurgias aumentando ainda mais a preocupação das autoridades de saúde com o controle e prevenção do câncer.
A cura depende fundamentalmente do estágio em que o câncer é diagnosticado.
Exames simples, oferecidos pela rede privada e pelo SUS (Sistema Único de Saúde), permitem a detecção do câncer ainda no começo e altíssima chance de eliminar o tumor.
Estudos mostram que 90% dos casos tratados em estágio inicial são curados.
Mas, diferentemente das mulheres, a maioria dos homens ainda não adotou uma rotina anual de exames preventivos. Essa é a única forma de obter o diagnóstico precoce, já que o câncer se instala sem dar sinais.
Em junho deste ano, 3.200 homens com mais de 35 anos, foram entrevistados em 8 capitais.
Destes, 51% responderam que nunca consultaram um urologista, o médico especialista em doenças da próstata.
A pesquisa, realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com um laboratório de medicamentos, confirma o histórico comportamento masculino.
As principais razões alegadas pelos homens foram medo e falta de tempo.
A consulta anual ao urologista é necessária para todos os homens com mais de 50 anos de idade.
Quem depende do SUS certamente terá que esperar pelo agendamento, às vezes durante meses.
Mas é uma questão de se organizar, como fazem as mulheres para os exames preventivos ginecológicos. Já vencer o medo é um desafio cultural.
O exame de toque retal é fundamental para verificar a saúde da próstata, porém é ele que afasta muitos homens do consultório do urologista.
Preconceito e desinformação alimentam a resistência em se submeter ao toque.
É um temor que não se justifica.
O exame é rápido, não dói nada.
O homem fica deitado na maca com a barriga para cima e os joelhos flexionados.
O médico, usando luvas e lubrificante, apalpa a próstata para verificar se o tecido está duro ou apresenta algum caroço.
Leva apenas alguns segundos.
No check-up o médico também solicita o exame de sangue para avaliar os níveis de PSA, uma enzima produzida pela próstata e que serve como marcador tumoral.
Baseado no resultado desses dois exames, o urologista pode recomendar uma biópsia ou outras análises com a ajuda de exames de imagem.
• Idade
O envelhecimento é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata.
Por isso, a partir dos 50 anos de idade, é necessário realizar exames anuais.
• Histórico familiar
Quando há outros casos de câncer na família a chance de se desenvolver a doença aumenta.
A recomendação, neste caso, é começar os exames preventivos anuais mais cedo, a partir dos 45 anos de idade.
• Etnia
Pesquisas em diferentes países indicaram maior prevalência de câncer de próstata em homens negros.
A maior parte da população brasileira é negra ou mestiça, uma característica que reforça ainda mais a importância de políticas públicas que facilitem a realização dos exames preventivos e garantam o tratamento adequado.
• Consumo de gordura animal
Os especialistas também alertam para a relação de um percentual de casos de câncer de próstata com o consumo exagerado de gordura animal.
Reduzir a quantidade de carne vermelha no dia a dia e aumentar a ingestão de vegetais é uma forma de prevenir não apenas o aparecimento do câncer, mas também de outros problemas graves de saúde, como as doenças cardiovasculares.
Novembro Azul: não adie mais o autocuidado.
As campanhas pela saúde do homem no mês de novembro são um convite ao autocuidado.
Durante a pandemia de COVID-19 muita gente interrompeu tratamentos ou deixou de ir ao médico para fazer os exames preventivos.
Levantamento divulgado pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) revelou o tamanho do problema em relação ao câncer de próstata comparando dados de 2019 e 2020.
• Queda de 33,5% no número de consultas ao urologista no SUS (Sistema Único de Saúde).
• Redução de 27% no volume de exames de PSA.
• Redução de 21% de biópsias de próstata.
• Redução de 21,5% nas cirurgias para a retirada da próstata.
A pandemia ainda não acabou, mas a maior parte da população brasileira já está parcial ou completamente vacinada. Isso traz alívio, um pouco mais de segurança e a oportunidade para colocar os exames em dia e retomar tratamentos indispensáveis.